segunda-feira, 6 de outubro de 2008

COLÓIDES

O Estado Coloidal
Se você adicionar um pouco de sal a um copo de água
e agitar, notará que o sal irá se dissolver e, a partir dessa
mistura, formar uma solução aquosa. No entanto, se a mesma
experiência for feita com um pouco de areia fina, o resultado
será muito diferente. Como a areia não se dissolve em água,
irá depositar - se no fundo do recipiente, logo após o término
da agitação.
A mistura de água e areia, no momento da agitação,
constitui um bom exemplo de suspensão.
Mesmo através da filtração, seria possível observar
uma diferença importante entre esses dois tipos de mistura:
as suspensões podem ser filtradas; as soluções, não.
É evidente que essa diferença de comportamento
entre as soluções e as suspensões se deve ao tamanho da
partícula dispersa. Enquanto que os enormes grãos de areia, a
maioria visíveis a olho nu, ficam presos no papel de filtro, os
invisíveis íons Na+ e Cl- possuem dimensões tão reduzidas que
atravessam facilmente os poros do filtro.

Diâmetros:

Há uma ampla variedade de valores entre o diâmetro
médio dos íons e das moléculas comuns e o diâmetro médio de
corpos maiores como os da areia, constituídos de sílica
(SiO2). Em outras palavras, as partículas dispersas num meio
sólido, líquido ou gasoso possuem tamanhos muito diferentes.
Para muitos pesquisadores, os dispersos com
diâmetros médios entre 1,0 nm e 1000 nm constituem
fronteiras gerais para uma classificação das misturas. Assim,
partículas com diâmetro inferior a 1,0 nm encontram - se em
solução e devem ser chamadas de soluto. Por outro lado,
partículas com diâmetro superior a 1000 nm estariam
dispersas em misturas denominadas suspensões.
Enquanto que, partículas de tamanho intermediário,
os cientistas observaram que partículas com diâmetro entre
1,0 nm e 1000 nm participam de um campo muito importante,
chamado de misturas coloidais ou simplesmente colóides.
Apesar de alguns pesquisadores terem proposto que
partículas coloidais teriam diâmetro situado entre 1,0 nm (10
– 9 nm) e 100 nm, evidências experimentais tendem
atualmente a ampliar esse intervalo para 1000 nm. Sendo que,
o que definirá realmente se uma mistura é coloidal ou uma
suspensão será seu comportamento macroscópico.
Será adotado, então, os limites situados entre 1,0 nm
e 1000nm para caracterizar o diâmetro de uma partícula
coloidal.
Na tabela a seguir, será comparar características
gerais das soluções, das misturas coloidais e das suspensões.
Note que, nas misturas em geral, a substância em menor
quantidade pode ser chamada de disperso, ou seja, é uma
substância que se encontra espalhada, de maneira homogênea
ou não, em outra substância denominada dispersante. Nessas
condições, a mistura receberá o nome geral de dispersão.

Os Principais Tipos de Dispersões Coloidais
Como você perceberá, as dispersões coloidais
possuem participações importantes em nosso cotidiano, sendo
classificadas de acordo com o estado físico dos participantes.
Vários alimentos, medicamentos e produtos cosméticos são
sistemas coloidais.

A proteína mais abundante dos vertebrados é o
colágeno, que constitui aproximadamente 25% em massa das
proteínas do corpo humano. Parte dos ossos, tendões, dentes
e pele é constituída de colágeno.
Apesar de o colágeno não ser comestível, seu
aquecimento em água fervente produz uma mistura de outras
proteínas comestíveis, denominadas genericamente de
gelatinas. Tais proteínas são usadas na fabricação de vários
produtos, tais como filmes fotográficos, colas, cápsulas de
medicamentos e produtos alimentícios.
As proteínas pertencem à classe dos colóides liófilos,
ou seja, aqueles que possuem afinidade com água. Como esses
colóides têm maior facilidade em transformar - se do estado
gel para sol, ou vice - versa, são chamados de reversíveis.

O Citoplasma: Colóide ou Solução?

Você provavelmente se lembra de que os orgânulos do
citoplasma estão mergulhados num material amorfo, viscoso,
chamado hialoplasma. Como componente majoritário, o
hialoplasma contém, antes de mais nada muita água. Em
segundo lugar, em termos de quantidade, encontramos
moléculas de proteínas. Neste sentido, podemos classificar o
hialoplasma como sendo um colóide, devido ao tamanho das
macromoléculas protéicas. Por outro lado, dissolvidas na água
do hialoplasma, há uma grande variedade de substâncias, com
partículas de diâmetro inferior a 1nm: sais minerais, gases da
respiração, açúcares, aminoácidos, ácidos graxos,
nucleotídeos, etc. Se o critério de classificação forem essas
moléculas, você poderia dizer, sem dúvida, que o hialoplasma é
uma solução. Se você estiver considerando o plasma, parte
líquida do sangue, a situação é parecida: muita água como
dispersante, moléculas de proteínas, principalmente albumina,
sais minerais, açúcares, ácidos graxos, vitaminas, gases
respiratórios. Dessa forma, o plasma sangüíneo é um colóide
e, ao mesmo tempo, uma solução.

Os Colóides e o Movimento Amebóide

A região de hialoplasma mais externa da célula, logo
abaixo da membrana plasmática, também dita ectoplasma, é
um colóide no estado de gel. Já a maior parte do hialoplasma,
interna, chamada endoplasma, é um colóide no estado de sol. È
bastante antiga a observação de que células vivas, como
amebas e leucócitos, têm a capacidade de transformar, em
certas circunstâncias, partes do hialoplasma geleificadas em
sol, e vice - versa. Essas transformações estão na base do
famoso movimento amebóide, através do qual amebas e
leucócitos "derramam" seu citoplasma para a frente,
formando pseudópodes. Os pseudópodes, não apenas
permitem a locomoção da célula, como também sua nutrição,
pelo conhecido processo da fagocitose.
Não se tem ainda um embasamento correto sobre os
mecanismos que levam o hialoplasma da ameba a se
transformar e fluir para formar os pseudópodes. Há fortes
indícios, no entanto, de que finíssimos filamentos de uma
proteína chamada actina, presentes no hialoplasma estejam
relacionados com esse fluxo citoplasmático, fundamental para
a formação de pseudópodes. Uma observação: a actina de que
estamos falando é a mesma substância que, em conjunto com
a miosina, forma o complexo contrátil das células musculares.
TIAGO DIAS, 6 DE OUTUBRO 2008

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